Existem momentos da vida em que não acolher não é uma opção

Nem sempre a vida segue o caminho que planejamos. Às vezes, somos surpreendidos por realidades que exigem mais do que podemos imaginar — física, emocional e mentalmente. Para mães atípicas, esse é um terreno conhecido. São mulheres que todos os dias se levantam para cuidar, educar, proteger e lutar pelos direitos de seus filhos com deficiência, enfrentando uma rotina intensa, repleta de amor, mas também de desafios e exaustão.

E é justamente nesses momentos em que não acolher… simplesmente não é uma opção.

Me tornei uma mãe atípica quando minha mãe partiu, e meu pai me disse “não quero esse problema” quando pedi ajuda…

A responsabilidade pelo cuidado de uma criança com deficiência não pode recair apenas sobre os ombros da mãe. É preciso reconhecer que o pai tem um papel fundamental, intransferível e ativo. O envolvimento paterno não deve ser visto como ajuda ou um gesto nobre, mas como uma obrigação natural e legítima. Cuidar é um dever compartilhado.

A sociedade também precisa sair da zona de conforto e enxergar essas mães. É urgente construir uma rede de apoio eficaz — que pode vir da escola, dos profissionais de saúde, das políticas públicas, dos familiares, dos amigos e da comunidade. São essas conexões que oferecem fôlego a quem vive uma rotina sobrecarregada, muitas vezes solitária e invisibilizada.

As mães atípicas precisam ser ouvidas, respeitadas e amparadas. Precisam de empatia prática, que se traduz em escuta, acolhimento e atitudes concretas. Às vezes, um gesto simples — como perguntar “como posso te ajudar hoje?” — já quebra o ciclo de solidão.

O acolhimento salva. Ele transforma uma jornada solitária em um caminho coletivo. E quando a gente estende a mão, cria laços que sustentam.

Então, se você convive com, ou conhece uma mãe atípica, não espere que ela peça ajuda. Ofereça. Esteja presente. Divida o peso. Porque em certos momentos da vida, não acolher… não é, e nunca deveria ser, uma opção.

Quando Acolher Deixa de Ser Escolha e Passa a Ser Amor em Movimento

Há momentos na vida em que somos colocadas diante de encruzilhadas inesperadas. Situações que não escolhemos, mas que, ainda assim, nos escolhem. Nessas horas, não se trata mais de decidir se vamos ou não acolher. Acolher se torna o único caminho possível — porque quando o amor fala mais alto, não existe neutralidade. Existe entrega.

Acolher não é só abrir a porta da casa. É abrir espaço dentro do peito. É reorganizar a rotina, mudar a agenda, repensar prioridades. É respirar fundo e, mesmo exausta, segurar firme a mão de quem precisa.

Às vezes, esse acolhimento vem silencioso, sem aviso prévio, num telefonema, num diagnóstico, numa volta para casa que muda tudo. De repente, você se vê cuidando. E percebe que o cuidado, embora cansativo, é também um jeito de amar com o corpo todo.

Não é fácil. Acolher é um gesto grandioso, mas não romântico. Exige coragem. Exige renúncia. E exige que a gente peça ajuda — coisa que, como mães, mulheres e cuidadoras, tantas vezes esquecemos de fazer. Mas acolher sozinha é peso demais. O verdadeiro acolhimento também precisa ser coletivo.

Por isso, falar sobre esses momentos é tão necessário. Porque outras mulheres estão vivendo a mesma travessia, mesmo que em silêncios diferentes. E saber que não estamos sós já é, por si só, um alívio imenso.

Aqui no Território das Mães, criamos esse espaço para isso: para compartilhar dores e também esperança. Para lembrar que o amor se refaz nos detalhes. E que acolher alguém pode ser a forma mais linda de se reconstruir também.

Se você está nesse momento da vida em que não acolher não é mais uma opção, saiba: você é forte, mesmo quando duvida disso. E você merece ser acolhida também.

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